O sujeito do conhecimento histórico é a
própria classe combatente oprimida. Em Marx, ela aparece como a última classe
escravizada, como a classe vingadora que consuma a tarefa da libertação em nome
das gerações de derrotados. Essa consciência, reativada durante algum tempo no
movimento espartaquista, foi sempre inaceitável para a socialdemocracia. Em
três decênios, ela quase conseguiu extinguir o nome de Blanqui, cujo eco
abalara o século passado. Preferir atribuir à classe operária o papel de salvar
gerações futuras. Com isso, ela a privou das suas melhores forças. A classe
operária desaprendeu nessa escola tanto o ódio como o espírito de sacrifício.
Porque um e outro se alimentam da imagem dos antepassados escravizados, e não
dos descendentes liberados.
(Walter Benjamin – Sobre o conceito da
história)
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