A ARTE DE DESENHAR-TE
Em
algum leito do golfo de Corinto, uma mulher contempla, à luz do fogo, o perfil
de seu amante adormecido.
Na
parede, reflete-se a sombra.
O
amante, que jaz ao seu lado, irá embora. Ao amanhecer irá para a guerra, irá
para a morte. E também a sombra, sua companheira de viagem, irá com ele e com
ele morrerá.
É
noite ainda. A mulher recolhe um tição entre as brasas e desenha, na parede, o
contorno da sombra.
Esses
traços não irão embora.
Não
a abraçarão, e ela sabe. Mas não irão embora.
(Eduardo
Galeano – Mulheres)
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