Depois
de fechar o livro, o leitor ideal sente que, se não tivesse lido, o mundo seria
mais pobre.
O
leitor ideal possui um perverso senso de humor.
O
leitor ideal jamais conta quantos livros tem.
O
leitor ideal é generoso e ávido ao mesmo tempo.
O
leitor ideal lê toda literatura como se fosse anônima.
O
leitor ideal gosta de usar o dicionário.
O
leitor ideal julga o livro pela capa.
Quando
lê um livro de séculos atrás, o leitor ideal se sente imortal.
[...]
O
leitor ideal não tem uma nacionalidade precisa.
[...]
Pinochet,
que proibiu D. Quixote por pensar que incitava a desobediência civil, foi o
leitor ideal desse livro.
[...]
O
leitor ideal não se preocupa com anacronismos, a verdade documentada, a exatidão
histórica, a precisão topográfica. O leitor ideal não é um arqueólogo.
[...]
O
leitor ideal é alguém com quem o autor gostaria de varar a noite bebendo vinho.
Um
leitor ideal não deveria ser confundido com um leitor virtual.
Um
escritor nunca é seu próprio leitor ideal.
A
literatura não depende de leitores ideais, mas apenas de leitores
suficientemente bons.
(Alberto Manguel – Notas para uma definição do leitor ideal)
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