Na
minha vida de poeta os meus contatos têm sido sempre com gente nova, o que
talvez explique que venha envelhecendo devagar. Não é que eu tenha, em tempo
algum, procurado os novos: jamais procurei ninguém, o que de minha parte era
timidez, não orgulho. Mas sempre, desde Afonso Lopes de Almeida e Ribeiro
Couto, fui procurado por gente mais moça que eu. Estreei com uma geração que
não era a minha, e nas gerações seguintes vim encontrando grandes amigos em suas
maiores figuras. Agora está aí roncando bravura a chamada geração de 45: há nela
uma meia dúzia de talentos que não me toleram nem como poeta nem como homem.
Dou-lhes razão, porque, como o dr. Strauss do meu confrade Austregésilo, eu “positivamente
não gosto de mim”. Mas eles acabarão gostando: sei, por experiência, que no
Brasil todo sujeito inteligente acaba gostando de mim.
(Manuel
Bandeira – Itinerário de Pasárgada)