Comprade
Justino e sua mulher, a Zefa, já velhinhos... sentados à porta de seu ranchinho
pobre, relembrando o passado.
ELE
– Pois é, Zefa. Tava me alembrando quando a gente casô... Eu tinha muito
dinheiro dos negócio... Tinha mais de mir cabeça de gado... aí veio aquela
peste. Ocê lembra? Morreu todo o gado e eu fiquei numa pindaíba de dá pena... e
ocê sempre ali junto comigo. Se alembra, Zefa?
ELA
– Éééééé... craro que se alembro, uai.
ELE
– Depois a gente começou a prantá roça, eu fui arribando de novo... cheguei a
ter muita terra, né?
ELA
– Éééé...
ELE
– Mais despois veio a praga dos gafanhoto... ocê alembra? Perdemos tudo...
fiquemo sem roça, e ocê aí... firme comigo... sempre junto. E quando eu fiquei
doente, intão? Febre amarela. Icterícia... bronquite braba... fui internado, dois
mês de hospitar... e ocê ali firme... sempre junto comigo...
ELA
– É verdade...
ELE
(num repente) – Ó Zéfa! Pensando bem... ocê dá um azar desgramado...
(Rolando
Boldrin – Um casal saudoso)
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