Os evangelhos me entediam, como a
Bíblia, como o Alcorão, como todos os textos religiosos. Escritos por devotos,
e para devotos. Escritos por discípulos, e para fazer discípulos. Revelação,
dizem eles; mas seus verdadeiros nomes são proselitismo, credulidade,
propaganda. Que gênero literário mais suspeito? Que leitura mais indigesta?
Algumas páginas são exceção, no Eclesiastes ou às vezes nos Evangelhos. Mas
quantas carolices, o mais das vezes, e que tédio ao cabo de vinte linhas!
Qualquer superstição é cansativa. Preserve-nos Deus dos profetas e dos
apóstolos.
(André Comte-Sponville – Bom dia, angústia!)
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