domingo, 21 de janeiro de 2024

 

A única razão de ser da poesia é ela ser um antidiscurso.

 

Um modo de dizer como não se diz. Poesia, num certo sentido, é o torto do discurso. O discurso torto.

 

Tirando isso, não vejo nenhuma razão para ela existir. A pior poesia é aquela que tenta dizer, ornada ou dramaticamente, aquilo que a prosa consegue dizer. Nisso, a poesia dos anos 1970, ou “marginal”, é ótima: ela registra bobagens tão insignificantes que nenhuma prosa se dignaria recolher para as eternidades da memória.

 

(Paulo Leminski – Tudo, de novo)