A
única razão de ser da poesia é ela ser um antidiscurso.
Um
modo de dizer como não se diz. Poesia, num certo sentido, é o torto do
discurso. O discurso torto.
Tirando
isso, não vejo nenhuma razão para ela existir. A pior poesia é aquela que tenta
dizer, ornada ou dramaticamente, aquilo que a prosa consegue dizer. Nisso, a
poesia dos anos 1970, ou “marginal”, é ótima: ela registra bobagens tão
insignificantes que nenhuma prosa se dignaria recolher para as eternidades da
memória.
(Paulo
Leminski – Tudo, de novo)